Circula pelas redes sociais uma mensagem que diz que comer frutas de estômago vazio pode até curar câncer. É #FAKE.
A mensagem falsa é longa e começa com um alerta típico de boatos: “Comer frutas de estômago vazio. Isto abrirá os seus olhos!” Depois, diz que um médico tem tratado doentes com câncer terminal de uma forma “não ortodoxa/menos comum” e que muitos pacientes têm se recuperado, com taxa de até 80% de sucesso. “A cura para o câncer já foi encontrada: está na forma como comemos frutas, quer acredite ou não”, finaliza o texto falso.
O texto em português circula há bastante tempo na internet. Mas ele também tem versões em outros idiomas e já foi checado por agências mundo afora.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) afirma que a informação é falsa.
“É completamente absurdo”, diz o diretor científico do Instituto Oncoguia, Rafael Kailks. “Isso não corresponde à realidade. Não existe absolutamente nenhum dado científico que corrobore uma afirmação como essa e a gente pede àqueles que estão circulando essa informação que deixem de fazê-lo porque isso é um desserviço para a sociedade. Isso é completamente falso. Não existe nenhum dado que corrobore a ideia de que comer fruta seja ela qual for com o estômago vazio vá tratar qualquer tipo de câncer.”
A oncologista Danielle Laperche reforça que se trata de uma mensagem completamente falsa: “Já tem alguns anos que isso circula na internet. É uma fake news. É muito complicado a gente estudar realmente o potencial terapêutico de alimentos porque existem muitos outros fatores envolvidos, muitos vieses que acontecem por interferências de outros alimentos. A gente não consegue por uma pessoa submetida a comer um tipo de alimento por um período X para tentar ver o efeito daquilo na doença e quando a gente tem um benefício a gente tem dificuldade de colocar que o benefício foi por causa desse ou daquele alimento. Isso é mais fácil de ser avaliado em remédios. Estudos com alimentos para tratamento é uma coisa bem complexa de ser realizada e não são tão feitos porque a relevância até hoje não se mostrou grande, nada que se justificasse. E se tratar câncer fosse fácil assim, minha especialidade nem existiria”, diz.